Em um comunicado que pegou muita gente de surpresa, a Microsoft anunciou nesta terça-feira (18) a aquisição da Activision Blizzard, desenvolvedora de games por trás de títulos como Call of Duty, World of Warcraft, Diablo, Crash Bandicoot, Overwatch e outros.
O movimento, que mal acaba de acontecer e já é considerado um dos maiores da indústria, colocará “a maior quantidade possível de títulos da Activision Blizzard” nos catálogos do Xbox Game Pass e PC Game Pass, nas palavras de Phil Spencer, CEO da Microsoft Gaming.
No mesmo trecho do anúncio, Spencer também revelou que o serviço de assinatura de jogos agora ultrapassa os 25 milhões de assinantes. E que a aquisição da desenvolvedora de Guitar Hero, Tony Hawk, e outros games de sucesso na história recente, também deve contribuir com a evolução do Microsoft xCloud, serviço de cloud gaming da empresa.
Por ora, nas palavras do próprio CEO da divisão de jogos da Microsoft, ambas as empresas atuarão separadamente, até que a aquisição seja aprovada pelos órgãos de defesa econômica dos EUA.
Uma vez que tudo seja aprovado e a compra não ameace as leis antimonopólio do país, a equipe da desenvolvedora estará sob as “asas” da gigante de Redmond.
Infelizmente, para a Microsoft, o fato de a Activision Blizzard ter negócios espalhados por todo o mundo pode tornar esse processo bastante longo, conforme destaca o The Verge. É de se esperar que a compra toda só se conclua daqui a 18 meses, ou seja, em meados de 2023.
Aquisição ocorre em meio a diversas acusações contra a desenvolvedora
Numa compra que ultrapassou os US$ 68,7 bilhões em valor, segundo a Bloomberg, esse é o maior passo do tipo dado pela Microsoft no mundo dos games. No ano passado, a companhia fundada por Bill Gates já havia adquirido a Bethesda, responsável pela franquia Fallout e por The Elder Scrolls V: Skyrim, pela cifra de US$ 7,5 bilhões.
Contudo, apesar da compra teoricamente fazer bem à Microsoft, que ganha inúmeros títulos reconhecidos para a sua divisão de jogos, o negócio deve ser ainda melhor para a Activision Blizzard, que há meses vinha sofrendo com acusações de assédio sexual e moral, bem como de discriminação, por parte de seus funcionários.
Em julho de 2021, o Department of Fair Employment and Housing, órgão do governo da Califórnia que lida com demandas envolvendo trabalho e habitação, processou a desenvolvedora por manter uma cultura de “assédio sexual constante”.
Após o caso, mais funcionários da empresa vieram a público revelar a política de vista grossa da empresa contra denúncias do tipo. Face às acusações de discriminação sexual, em setembro, a Activision Blizzard consagrou um acordo de US$ 18 milhões, pagos a uma comissão do Congresso estadunidense que defende oportunidades igualitárias de trabalho.
Apesar do acordo, o órgão californiano que iniciou o processo recorreu da decisão que aprovou o pacto, e o caso ainda está em aberto. Desde o começo das acusações em julho do ano passado, as notícias são de que mais de 40 funcionários teriam deixado a empresa.
Microsoft deve manter CEO da Activision Blizzard, mas apenas por enquanto
No comunicado em que revelou a decisão da compra, Phil Spencer não comentou sobre o imbróglio envolvendo a criadora de World of Warcraft. Contudo, a nota cita que a Microsoft mantém seu compromisso pela inclusão em “todos os aspectos dos games, tanto entre os funcionários quanto entre os jogadores”.
No texto, a companhia também cita que acredita que o sucesso e a autonomia andam juntos com o tratamento digno e respeitoso a todas as pessoas, fazendo questão de incluir seus times e líderes nessa cultura.
Em um e-mail enviado esta manhã aos funcionários da Microsoft, o CEO da gigante, Satya Nadella, revelou que os games tem desempenhado uma importância crescente nos negócios, sendo o gênero do entretenimento que mais avança no mundo. Logo em seguida, Nadella ainda disse que a aquisição terá um papel crucial nas diferentes plataformas de metaverso que a empresa pretende construir.
Na prática, a Microsoft já revelou que deverá manter os times e líderes da Activision Blizzard, mesmo uma vez que o negócio esteja aprovado. Já no caso do CEO da companhia, Bobby Kotick, é de se esperar que seu cargo só dure até o fechamento da aquisição, visto que, após isso, todo o time se reportará ao próprio Phil Spencer, responsável pelo Xbox e negócios correlatos.
Até lá, eu confesso que estou apreensivo para saber como esse caso deve se desenrolar, além de é claro: descobrir como será o futuro de jogos como Crash, Call of Duty, Overwatch e outros, em plataformas concorrentes, a exemplo do PlayStation.