Antes do auge dos streamings, nos anos 2000, o LimeWire era um serviço de bastante popularidade no Brasil. À época, seu principal uso era o compartilhamento de arquivos por protocolo P2P – o que quase sempre, bem como no caso do próprio, era sinônimo de músicas e álbuns pirateados.
Apesar de ter encerrado suas operações após um processo milionário por infringência de direitos autorais em 2010, o LimeWire voltou às manchetes na última quarta (9), e a razão disso não poderia ser mais atual: dois empreendedores da Áustria compraram os direitos da marca e, agora, pretendem ressuscitá-la como um mercado de NFTs.
Segundo a Bloomberg, Paul e Julian Zehetmayr, que são irmãos, passaram o último ano adquirindo diversas partes da antiga empresa. Agora, sem qualquer vínculo com o time original do LimeWire, ambos pretendem relançá-la em maio, oferecendo a músicos e fãs uma nova forma de gerar valor para o mercado musical.
Na prática, a ideia é comercializar NFTs relacionados à música, como faixas e álbuns exclusivos, artes de capa e conteúdos de backstage – clipes de making-of e samples de estúdio, por exemplo.
Para a Bloomberg, Paul e Julian revelaram que escolheram a marca LimeWire devido à conexão que ela possui com o imaginário da música:
“É um nome bastante icônico. Mesmo se você olhar hoje no Twitter, ainda há centenas de pessoas sendo nostálgicas sobre o nome. Todo mundo o conecta à música e nós estamos começando com vendas focadas em músicas, então a marca foi o encaixe perfeito pra isso.”
NFTs do LimeWire serão comercializados também em dólares
“LimeWire está de volta para trazer colecionáveis digitais para todo mundo”, diz a arte de divulgação que também ostenta o novo logotipo do serviço
Além de apostar primeiro nas músicas, a fim de se diferenciar dos demais mercados de NFTs, o novo LimeWire trará outra característica interessante: ao contrário dos rivais, que só transacionam os tokens por criptomoedas, o serviço também deve oferecer pagamentos em dólares americanos.
O objetivo, naturalmente, é tornar a plataforma mais acessível para o público em geral, que ainda não tem intimidade com cripto. Para aqueles que têm, no entanto, a plataforma também contará com carteiras Bitcoin e Ether, além de outros serviços envolvendo os próprios tokens.
Por fim, conforme também relata a publicação da Bloomberg, não deixa de ser curioso que um serviço amplamente conhecido por seu vínculo à pirataria, em alguns meses, passará a operar uma indústria inteiramente vinculada à integridade e autenticidade de conteúdos digitais.
Apesar da aparente incongruência, os irmãos demonstram confiança sobre a capacidade de reverter esse aspecto negativo do legado do LimeWire. Para eles, toda a controvérsia envolvendo pirataria foi superada publicamente, tendo sobrado apenas a “nostalgia” que justifica a escolha pela marca.
Além disso, a fim de evitar qualquer imbróglio legal no futuro, a nova empresa incorporou duras medidas de compliance, chegando a contratar a Enst & Young, uma das maiores empresas de auditoria do mundo, para assegurar a conformidade de suas operações.
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